« A soma da nossa vida é de setenta anos, os mais fortes chegam aos oitenta; mas a maior parte deles é fadiga e dor, passam depressa e nós desaparecemos » (Sal 90 [89], 10)
1. Setenta anos eram muitos no tempo em que o Salmista escrevia estas palavras, e muitos não os superavam; hoje, graças aos progressos da medicina e melhores condições sociais e económicas, em muitas regiões do mundo a vida ampliou-se notavelmente. Porém, é sempre verdade que os anos passam rapidamente; o dom da vida, apesar da fadiga e dor que a caracteriza, é belo e precioso demais para que dele nos cansemos.
Sendo também eu ancião, senti o desejo de estabelecer um diálogo convosco. Faço-o, antes de mais, dando graças a Deus pelos abundantes dons e oportunidades que Ele me concedeu até hoje. Percorro novamente com a memória as etapas da minha existência, que se entrelaçam com a história de grande parte deste século, e vejo aparecer a figura de numerosas pessoas, algumas delas particularmente queridas: são lembranças de eventos ordinários e extraordinários, de momentos felizes e de factos marcados pelo sofrimento. Acima de tudo, no entanto, vejo estender-se a mão providente e misericordiosa de Deus Pai, o qual « trata do melhor modo tudo o que existe »,(1) e « se algo Lhe pedimos, segundo a Sua vontade, Ele ouve-nos » (1 Jo 5, 14). A Ele, digo com o Salmista: « Desde a minha juventude, Vós me instruístes, Senhor, até ao presente anuncio as Vossas maravilhas. Agora na velhice e na decrepitude, não me abandoneis, ó Deus; para que narre às gerações a força do Vosso braço, o Vosso poder a todos os que hão-de vir » (Sal 71 [70], 17-18).
Meu pensamento dirige-se com afecto a vós, caríssimos anciãos de qualquer língua e cultura. Escrevo-vos esta carta no ano que a Organização das Nações Unidas quis oportunamente dedicar aos anciãos, para chamar a atenção da sociedade inteira para a situação daquele que, pelo peso da idade, deve com frequência enfrentar problemas numerosos e difíceis.
Sobre este tema, o Pontifício Conselho para os Leigos já ofereceu preciosas linhas de reflexão.(2) Com esta carta, desejo somente exprimir a minha proximidade espiritual com o intuito de quem, ano após ano, sente crescer dentro de si uma compreensão sempre mais profunda desta fase da vida e nota consequentemente a necessidade de um contacto mais directo com os seus coetâneos para reflectir sobre coisas que são de comum experiência, tudo colocando sob o olhar de Deus que nos envolve com o seu amor, e com a sua providência nos sustenta e conduz.
2. Caríssimos irmãos e irmãs, voltar ao passado para tentar uma espécie de balanço, é espontâneo na nossa idade. Esta visão retrospectiva permite uma avaliação mais serena e objectiva de pessoas e situações encontradas ao longo do caminho. O passar do tempo suaviza os contornos dos acontecimentos, amenizando os contratempos dolorosos. Infelizmente cruzes e tribulações estão amplamente presentes na vida de cada um. Às vezes trata-se de problemas e sofrimentos, que põem a dura prova a resistência psicofísica e podem fazer estremecer a mesma fé. Mas a experiência ensina que até as próprias penas quotidianas, com a graça do Senhor, contribuem frequentemente para o amadurecimento das pessoas, abrandando-lhes o carácter.
Para além dos acontecimentos pessoais, a reflexão que mais se impõe é a que se refere ao tempo que passa inexoravelmente. « O tempo foge irremediavelmente », já sentenciava um antigo poeta latino.(3) O homem está imerso no tempo: nele nasce, vive e morre. Com o nascimento fixa-se uma data, a primeira da sua vida, e com a morte a outra, a última: o alfa e o ómega, o início
e o fim da sua passagem pela terra, como a tradição cristã sublinha, esculpindo estas letras do alfabeto grego sobre as lápides dos túmulos.
Mas, se a existência de cada um de nós é tão limitada e frágil, conforta-nos o pensamento que, graças à alma espiritual, sobrevivemos à morte. Aliás, a fé oferece-nos uma « esperança que não confunde » (cf. Rom 5, 5), descerrando-nos a perspectiva da ressurreição final. Não é sem motivo que a Igreja, na solene Vigília Pascal, usa estas mesmas letras para se referir a Cristo vivo, ontem, hoje e sempre: « Princípio e fim, Alfa e Ómega. A Ele pertence o tempo e a eternidade ».(4) A existência humana, apesar de sujeita ao tempo, é colocada por Cristo no horizonte da imortalidade. Ele « fez-Se homem entre os homens, para reunir o fim com o princípio, isto é, o homem com Deus ».(5)
Um século complexo rumo a um futuro de esperança3. Dirigindo-me aos anciãos, sei que estou a falar com pessoas e de pessoas que atravessaram um longo percurso (cf. Sab 4, 13). Falo aos meus coetâneos; posso, assim, procurar facilmente uma analogia na minha vida pessoal. A nossa vida, caros irmãos e irmãs, foi inscrita pela Providência neste século vinte, que recebeu uma complexa herança do passado e foi testemunha de eventos numerosos e extraordinários.
Como muitos outros tempos da história, ele registou luzes e sombras. Nem tudo foi escuridão. Muitos aspectos positivos compensaram o negativo ou dele surgiram como uma benéfica reacção da consciência colectiva. Mas também é verdade — e seria tão injusto como perigoso esquecê-lo — que houve sofrimentos indizíveis, que afectaram a vida de milhões e milhões de pessoas. Bastaria pensar nos conflitos deflagrados em diversos continentes devido a disputas territoriais entre Estados ou ao ódio inter-étnico. De não menor gravidade devem-se considerar a extrema pobreza de amplas faixas sociais no hemisfério sul do mundo, o fenómeno vergonhoso da discriminação racial e a sistemática violação dos direitos humanos em muitas nações. E que dizer então dos grandes conflitos mundiais?
Na primeira parte do século houve duas guerras, com uma quantidade nunca antes imaginada de mortos e de destruição. A primeira guerra mundial ceifou milhões de soldados e de civis, destroçando tantas vidas humanas no limiar da adolescência, e até mesmo da infância. E que dizer então da segunda guerra mundial? Ocorrida após poucos decénios de relativa paz mundial,
especialmente na Europa, foi mais trágica do que a precedente, com consequências desastrosas para a vida das nações e dos continentes. Foi guerra total, inaudita mobilização de ódio, que caiu também brutalmente sobre populações civis inermes e destruiu inteiras gerações. O tributo pago, nas várias frentes, à loucura bélica foi incalculável, e igualmente terrível foi a matança
consumada nos campos de extermínio, verdadeiros Gólgotas da época contemporânea.
Na segunda metade do século, viveu-se por vários anos, o pesadelo da guerra fria, isto é da confrontação entre os dois grandes blocos ideológicos opostos, Leste e Oeste, com uma desenfreada corrida aos armamentos e a constante ameaça de uma guerra atómica, capaz de levar a humanidade à extinção.(6) Graças a Deus, aquela página tenebrosa fechou-se na Europa
com a queda dos regimes totalitários opressivos, como fruto de uma luta pacífica, que se serviu das armas da verdade e da justiça.(7) Começou, assim, um árduo mas profícuo processo de diálogo e de reconciliação, destinado a instaurar uma convivência mais serena e solidária entre os povos.
Muitas nações, porém, estão ainda bem longe de conhecer os benefícios da paz e da liberdade. Grande inquietação suscitou nos passados meses o violento conflito deflagrado na região dos Balcãs, já teatro nos anos precedentes de uma terrível guerra de carácter étnico: mais sangue foi derramado, outras destruições aconteceram, mais ódio foi alimentado. Agora, no momento
em que o furor das armas se aplacou, começa-se a pensar na reconstrução, na perspectiva do novo milénio. Nesse meio tempo, continuam a rebentar também em outros continentes vários focos de guerra, por vezes com massacres e violências muito cedo esquecidos pelos jornais.
4. Se estas lembranças e dolorosas realidades actuais nos entristecem, não podemos esquecer que o nosso século viu levantar-se no horizonte bastantes sinais positivos, que constituem novas fontes de esperança para o terceiro milénio. Assim, cresceu — mesmo entre tantas contradições, especialmente quanto ao respeito pela vida de cada ser humano — a consciência dos direitos humanos universais, proclamados em solenes declarações que comprometem os povos.
Desenvolveu-se, igualmente, o sentido do direito dos povos à auto-determinação no âmbito de relações nacionais e internacionais inspiradas na valorização das identidades culturais e no respeito pelas minorias. A queda dos sistemas totalitários, como os do Leste europeu, fez crescer a percepção universal do valor da democracia e da liberdade de mercado, mesmo deixando aberto o enorme desafio de conjugar liberdade e justiça social.
Deve ser considerado, da mesma forma, um grande dom de Deus o facto de as religiões estarem a tentar, sempre com maior determinação, um diálogo que as torne elemento fundamental de paz e de unidade no mundo.
Como não ressaltar também o crescimento, na consciência comum, do reconhecimento da dignidade da mulher? Sem dúvida, há ainda muito caminho a ser percorrido, mas a linha está traçada. Motivo de esperança é, também, a intensificação das comunicações que, favorecidas pela actual tecnologia, permitem superar as fronteiras tradicionais, fazendo-nos sentir cidadãos
do mundo.Outro campo importante de maturação é a nova sensibilidade ecológica que merece ser encorajada. Factores de esperança são ainda os grandes progressos da medicina e das ciências aplicadas ao bem-estar do homem.
Portanto, são muitos os motivos pelos quais devemos agradecer a Deus. Apesar de tudo, este final de século apresenta-se com grandes potencialidades de paz e de progresso. Memo das provas que afectaram a nossa geração, emerge uma luz capaz de iluminar os anos da nossa velhice. Fica então confirmado um princípio muito apreciado pela fé cristã: « As tribulações não
só não destroem a esperança, mas são o seu fundamento ».(8)
Então é sugestivo que, enquanto o século e o milénio se encaminham para o crepúsculo e já se entrevê a aurora de uma nova estação para a humanidade, nos detenhamos a meditar sobre a realidade do tempo que passa rápido, não para resignar-nos a um destino inexorável, mas para valorizar plenamente os anos que nos restam para viver.
O outono da vida5. O que é a velhice? As vezes fala-se dela como do outono da vida — assim fazia Cícero (9) — seguindo a analogia sugerida pelas estações e pelo andamento das fases da natureza. Basta olhar, ao longo do ano, para a mudança da paisagem nas montanhas e nas planícies, nos prados, nos vales, nos bosques, nas árvores e nas plantas. Há uma estreita semelhança entre o biorritmo do homem e os ciclos da natureza, à qual ele pertence.
Porém, o homem, por sua vez, distingue-se de toda a realidade que o circunda, porque é pessoa. Plasmado à imagem e semelhança de Deus, ele é sujeito consciente e responsável. Mas, mesmo na sua dimensão espiritual, ele vive a sucessão das distintas fases, todas igualmente passageiras. S. Efrém, o Sírio, amava comparar a vida com os dedos da mão, quer para pôr em evidência que a sua duração não vai mais além de um palmo, quer para indicar que, como os vários dedos, cada fase da vida tem a sua característica, e « os dedos representam os cinco degraus pelos quais o homem progride ».(10) Se, portanto, a infância e a juventude são o período onde o ser humano está a formar-se, vive projectado para o futuro e, tomando consciência das próprias potencialidades, forja projectos para a idade adulta, a velhice também possui os seus bens, porque — como observa S. Jerónimo — atenuando o ímpeto das paixões, ela « aumenta a sabedoria, dá conselhos mais amadurecidos ».(11) Em certo sentido, é a época privilegiada daquela sabedoria que, em geral, é fruto da experiência, porque « o tempo é um grande mestre ».(12) Além disso, é bem conhecida a oração do Salmista: « Ensinai-nos a contar os nossos dias,
para que guiemos o coração na sabedoria » (Sal 90 [89], 12).
Os anciãos na Sagrada Escritura6. « A juventude e a adolescência são passageiras », observa o Eclesiastes (11, 10). A Bíblia não deixa de chamar a atenção, por vezes com grande realismo, sobre a caducidade da vida e sobre o tempo que passa inexoravelmente: « Vaidade das vaidades, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade » (Ecle 1, 2): quem não conhece a severa advertência do antigo Sábio? Entende-mo-lo especialmente nós anciãos, ensinados pela experiência.
Apesar deste desencantado realismo, a Escritura conserva uma visão muito positiva do valor da vida. O homem permanece sempre criado à « imagem de Deus » (cf. Gn 1, 26), e cada idade possui a sua beleza e missão. Mais, a idade avançada encontra na palavra de Deus uma grande consideração, a tal ponto que a longevidade é vista como sinal da benevolência divina (cf. Gn 11, 10-32). Esta benevolência com Abraão, — homem, do qual é ressaltado o privilégio da ancianidade — assume o rosto de uma promessa: « Farei de ti um grande povo, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos. Abençoarei aqueles que te abençoarem, e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem. E todas as famílias da terra serão em ti abençoadas » (Gn 12, 2-3). Ao lado dele, aparece Sara, a mulher que vê-se envelhecer, mas que experimenta no seu corpo depauperado a potência de Deus, que supre a insuficiência humana.
Moisés já é ancião, quando Deus lhe confia a missão de fazer sair o povo eleito do Egipto. As grandes obras que ele realiza a favor de Israel por mandato do Senhor não ocupam os anos da juventude, mas os da velhice. Entre outros exemplos fornecidos por anciãos, queria citar a vida de Tobias, o qual, com humildade e coragem, procura observar a lei de Deus, ajudar os necessitados, suportar com paciência a cegueira até que o anjo de Deus não intervém definitivamente (cf. Tob 3,
16-17); e ainda a de Eleazar, cujo martírio testemunha a sua generosidade e fortaleza singulares (2 Mac 6, 18-31).
7. Também o Novo Testamento, cheio da luz de Cristo, descreve figuras eloquentes de anciãos. O Evangelho de S. Lucas abre com a apresentação de um casal « de idade avançada » (1, 7): Isabel e Zacarias, pais de João Baptista. Sobre eles desce a misericórdia do Senhor (cf. Lc 1,5-25.39-79): ao velho Zacarias é anunciado o nascimento de um filho. Ele mesmo o
sublinha: « Como se há-de verificar isso, se estou velho e minha mulher avançada em anos? » (Lc 1, 18). Durante a visita de Maria à anciã prima Isabel, esta, cheia do Espírito Santo, exclama: « Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre » (Lc 1, 42), e no nascimento de João Baptista, Zacarias entoa o hino do Benedictus. Trata-se, pois, de um admirável casal de anciãos, cheio de profundo espírito de oração.
No templo de Jerusalém Maria e José, que levaram Jesus para oferecê-lo ao Senhor, ou melhor, de conformidade com a Lei, para resgatá-lo como primogénito, encontram o velho Simeão, que há longo tempo esperava o Messias. Tomando entre seus braços o Menino, ele bendiz a Deus e irrompe no Nunc dimittis: « Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz... » (Lc 2, 29).
Junto a ele encontramos Ana, viúva de oitenta e quatro anos, assídua frequentadora do Templo, que naquela ocasião tem a alegria de ver a Jesus. O Evangelista anota que ela « pôs-se a louvar a Deus e a falar do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém » (Lc 2, 38).
Ancião é Nicodemos, estimado membro do Sinédrio. Ele vai ver Jesus de noite, para não dar nas vistas. A ele o divino Mestre revela ser o Filho de Deus, vindo para salvar o mundo (cf. Jo 3, 1-21). Encontraremos Nicodemos no momento da sepultura de Cristo, quando, levando uma mistura de mirra e aloés, vencerá o medo e se manifestará como discípulo do Crucificado (cf.
Jo 19, 38-40). Como são reconfortantes estes testemunhos! Lembram-nos como, em todas as idades, o Senhor pede a cada um para fazer render os próprios talentos. O serviço ao Evangelho não é questão de idade!
E que dizer de Pedro, chamado a testemunhar a sua fé no martírio? Um dia, o Senhor disse-lhe: « Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos e outro te cingirá e te levará para onde tu não queres » (Jo 21, 18). São palavras que, como Sucessor de Pedro, me tocam intimamente e fazem-me sentir vigorosamente a necessidade de estender as mãos em direcção às de Jesus, em obediência ao seu mandato: « Segue-me » (Jo 21, 19).
8. O Salmo 92 [91], como a querer sintetizar os brilhantes testemunhos dos anciãos que encontramos na Bíblia, proclama: « O justo florescerá como a palmeira, erguer-se-á como os cedros do Líbano. (...) Na velhice darão frutos, conservarão a sua seiva e seu frescor, para anunciar quão é justo o Senhor » (13, 15-16). O apóstolo Paulo, fazendo-se eco do Salmista,
escreve na carta a Tito: « Os anciãos devem ser sóbrios, graves, prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência. Do mesmo modo, as anciãs devem mostrar no seu exterior uma compostura santa (...); devem dar bons conselhos, a fim de ensinarem as jovens a amar os seus maridos e filhos » (2, 2-5).
A velhice, portanto, à luz do ensinamento e no léxico próprio da Bíblia, apresenta-se como « tempo favorável » para levar a bom termo a aventura humana, e faz parte do desígnio divino a respeito de cada homem como tempo no qual tudo converge, para que ele possa compreender melhor o sentido da vida e alcançar a « sabedoria do coração ». « A honra da velhice — observa o Livro da Sabedoria — não consiste numa longa vida, e não se mede pelo número de anos. Mas a inteligência é que faz os cabelos brancos, e a verdadeira velhice é uma vida imaculada » (4, 8-9). Ela constitui a etapa definitiva da maturidade humana e é expressão da bênção divina.
Guardiões de uma memória colectiva9. No passado, nutria-se grande respeito pelos anciãos. A este respeito, escrevia o poeta latino Ovídio: « Grande era outrora o respeito pela cabeça encanecida ».(13) Séculos antes, o poeta grego Focílides advertia: « Respeita os cabelos brancos: presta ao velho sábio aquelas mesmas homenagens que tributas a teu pai ».(14)
E hoje? Se nos detivermos a analisar a situação actual, constatamos que em alguns povos a velhice é estimada e valorizada; em outros, pelo contrário, é-o muito menos devido a uma mentalidade que põe em primeiro lugar a utilidade imediata e a produtividade do homem. Por causa desta atitude, a assim chamada terceira ou quarta idade é frequentemente desprezada, e os mesmos anciãos são levados a perguntar-se se a sua vida ainda tem utilidade.
Chega-se até a propôr, sempre com maior insistência, a eutanásia, como solução para as situações difíceis. Infelizmente, para muitas pessoas, o conceito de eutanásia nestes anos perdeu aquele traço de horror, que suscita naturalmente nos espíritos sensíveis ao respeito pela vida. Sem dúvida, pode acontecer que, nos casos de graves enfermidades com sofrimentos insuportáveis, as pessoas marcadas pela provação sejam tentadas pelo desespero e os seus entes queridos, ou os que cuidam delas, possam sentir-se motivados por uma mal entendida compaixão a considerar razoável a solução da « morte suave ». A este respeito, ocorre lembrar que a lei moral permite renunciar ao « excesso terapêutico »,(15) solicitando apenas aqueles cuidados que fazem parte das normais exigências da assistência médica. Outra coisa, porém, é a eutanásia entendida como a provocação directa da morte! Apesar das intenções e das circunstâncias, ela permanece um acto intrinsecamente mau, uma violação da lei divina, uma ofensa à dignidade da pessoa humana.(16)
10. É urgente recuperar a justa perspectiva a propósito da vida no seu conjunto. E a justa perspectiva é a eternidade, da qual a vida é preparação significativa em cada uma das suas fases. A velhice também tem de cumprir o seu papel neste processo de progressiva maturação do ser humano a caminho da eternidade. Desta maturação só poderá beneficiar-se o mesmo grupo
social, do qual faz parte o ancião.Os anciãos ajudam a contemplar os acontecimentos terrenos com mais sabedoria, porque as vicissitudes os tornaram mais experimentados e amadurecidos. Eles são guardiões da memória colectiva e, por isso, intérpretes privilegiados daquele conjunto de ideais e valores humanos que mantêm e guiam a convivência social. Excluí-los é como rejeitar o passado, onde penetram as raízes do presente, em nome de uma modernidade sem memória. Os anciãos, graças à sua experiência amadurecida, são capazes de propôr aos jovens conselhos e ensinamentos preciosos.
Sob esta luz, os aspectos de fragilidade humana, ligados de modo mais visível com a velhice, tornam-se uma chamada à interdependência e à necessária solidariedade que ligam entre si as gerações, visto que cada pessoa está necessitada da outra e se enriquece dos dons e dos carismas de todos.
Soam significativas, a propósito, as considerações de um poeta, que me é querido, que assim escreve: « Não é eterno só o futuro, não só!... Sim, também o passado é a era da eternidade: o que já aconteceu, não voltará a aparecer de repente assim como era... Voltará como Ideia, não virá novamente como ele mesmo ».(17)
« Honra teu pai e tua mãe »11. Então porque não continuar a tributar ao ancião aquele respeito que as sadias tradições de muitas culturas em cada continente retêm um valor? Para os povos da área de influência bíblica, a referência foi, ao longo dos séculos, o mandamento do Decálogo: « Honra teu pai e tua mãe »; um dever, de resto, universalmente reconhecido. Da sua plena e coerente aplicação, não só surgiu o amor dos filhos pelos pais, mas foi também destacado o forte laço que existe entre as gerações. Onde o preceito é acolhido e fielmente observado, os anciãos sabem que não correm o perigo de ser considerados um peso inútil e incómodo.
Além disso, o mandamento ensina a tributar respeito aos que nos precederam e o bem que nos fizeram: « o pai e a mãe » indicam o passado, o laço entre uma geração e outra, a condição que torna possível a mesma existência de um povo.
Conforme a dupla redacção proposta pela Bíblia (cf. Ex 20, 2-17; Dt 5, 6-21), este mandato divino ocupa o primeiro lugar na segunda Tábua, que se refere aos deveres do ser humano para consigo mesmo e para com a sociedade. Além disso, é o único mandamento ligado a uma promessa: « Honra teu pai e tua mãe, para que os teus dias se prolonguem na terra que o Senhor,
teu Deus, te dará » (Ex 20, 12; cf. Dt 5, 16).12. « Levanta-te perante uma cabeça branca e honra a pessoa do ancião » (Lv 19, 32). Honrar os anciãos exige a seu respeito um triplo dever: o acolhimento, a assistência, a valorização das suas qualidades. Em muitos ambientes isto acontece quase espontaneamente, como por antigo costume. Em outros, porém, especialmente nas nações mais desenvolvidas economicamente, impõe-se uma necessária inversão de tendência, para que os que avançam pelos anos possam envelhecer com dignidade, sem temor de ficarem reduzidos a não contar para mais nada. É preciso convencer-se de que é próprio de uma civilização plenamente humana respeitar e amar os anciãos, para que estes se sintam, apesar da diminuição das forças, parte viva da sociedade. Já dizia Cícero que « o peso da idade é mais leve para quem se sente respeitado e amado pelos jovens ».(18)
O espírito humano, por outro lado, mesmo ressentindo-se do envelhecimento do corpo, permanece de certa forma sempre jovem, se viver orientado para o eterno; e experimenta mais vivamente esta perene juventude, quando, ao testemunho interior da boa consciência, se une o afecto diligente e grato dos entes queridos. Então o homem, como escreve S. Gregório de
Nazianzo, « não envelhecerá no espírito: aceitará a dissolução como o momento estabelecido para a necessária liberdade.
Suavemente emigrará para o além onde ninguém é imaturo ou velho, mas todos são perfeitos na idade espiritual ».(19)
Todos conhecemos exemplos eloquentes de anciãos com uma surpreendente juventude e força de espírito. A quem deles se aproxima, suas palavras servem de estímulo e o exemplo de conforto. Possa a sociedade valorizar plenamente os anciãos, que em algumas regiões do mundo — penso de modo particular na África — são estimados justamente como « bibliotecas vivas » de sabedoria, guardiões de um património inestimável de testemunhos humanos e espirituais. Se é verdade que, do ponto de vista físico, em geral necessitam de ajuda, é igualmente certo que, na sua idade avançada, podem oferecer apoio à caminhada dos jovens que se debruçam sobre o horizonte da existência para provar os rumos.
Enquanto falo aos anciãos, não posso deixar de dirigir-me também aos jovens para convidá-los a permanecerem ao seu lado. Exorto-vos, caros jovens, a fazê-lo com amor e generosidade. Os anciãos podem dar-vos muito mais de quanto possais imaginar. O Livro do Eclesiástico a propósito adverte: « Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, porque eles o aprenderam dos seus pais » (8, 9); « Frequenta a companhia dos anciãos, se encontrares algum sábio faz-te amigo dele » (6, 34); porque « quão bela é a sabedoria » dos anciãos (25, 5).
13. A comunidade cristã pode receber muito da serena presença dos que têm muitos anos de idade. Penso, sobretudo, na evangelização: a sua eficácia não depende principalmente da eficiência operativa. Em quantas famílias os netinhos recebem dos avós os primeiros rudimentos da fé! Porém, existem muitos outros campos a que pode estender-se a benéfica contribuição dos
anciãos. O Espírito actua como e onde quer, servindo-se frequentemente de meios humanos que aos olhos do mundo não têm muita importância. Quantos encontram compreensão e conforto em pessoas anciãs sós ou doentes, mas capazes de infundir coragem pelo conselho bondoso, a oração silenciosa, o testemunho do sofrimento acolhido com paciente abandono!
Justamente quando as energias vêm a faltar e se reduz a sua capacidade de movimento, estes nossos irmãos e irmãs tornam-se mais preciosos no desígnio misterioso da Providência.
Também sob este ponto de vista, para além de uma clara exigência psicológica do ancião, o lugar mais natural para viver a condição de ancianidade continua a ser aquele ambiente onde ele é « de casa », entre parentes, conhecidos e amigos, e onde pode prestar ainda algum serviço. Na medida que, com o aumento da vida média, cresce a faixa dos anciãos, será sempre mais urgente promover esta cultura de uma ancianidade acolhida e valorizada, não marginalizada. O ideal é que o ancião fique na família, com a garantia de ajudas sociais eficazes, relativamente às necessidades crescentes que supõem a idade ou a doença. Existem, porém, situações em que as próprias circunstâncias aconselham ou exigem o ingresso em « Lares de terceira idade », a fim de que o ancião possa gozar da companhia de outras pessoas e usufruir de uma assistência especializada. Tais instituições são, portanto, louváveis e a experiência ensina que elas podem prestar um precioso serviço, na medida em que se inspiram em critérios não só de eficiência organizativa, mas também de afectuosa atenção. Neste sentido, tudo é mais fácil se a relação estabelecida com cada hóspede ancião, por parte dos familiares, amigos, comunidades paroquiais, for tal que os ajude
a sentirem-se pessoas amadas e ainda úteis à sociedade. Como não lembrar aqui, com um grande sentimento de gratidão, as Congregações religiosas e os grupos de voluntariado, que se dedicam, com especial atenção, precisamente, à assistência dos anciãos, sobretudo dos mais pobres, abandonados ou que passam dificuldades?
Caríssimos anciãos, que vos encontrais em situações precárias por motivos de saúde ou outros, eu vos acompanho com afecto. Quando Deus permite o nosso sofrimento por causa da enfermidade, da solidão ou por outras razões ligadas à idade avançada, dá-nos sempre a graça e a força para que nos unamos com mais amor ao sacrifício do seu Filho e participemos com mais intensidade no seu projecto salvífico. Podemos estar certos: Ele é Pai, um Pai rico de amor e de misericórdia!
De modo especial, penso em vós, viúvos e viúvas, que ficastes sós a percorrer o último trecho da estrada da vida; em vós, religiosos e religiosas anciãos, que durante longos anos servistes fielmente a causa do Reino dos céus; em vós, caríssimos irmãos no Sacerdócio e no Episcopado que, tendo alcançado o limite de idade, deixastes a directa responsabilidade do ministério pastoral. A Igreja necessita ainda de vós. Ela aprecia os serviços que ainda podeis prestar nos vários campos de
apostolado, conta com o apoio da vossa assídua oração, espera o vosso experimentado conselho e enriquece-se com o testemunho evangélico por vós prestado dia após dia.
« Ensinar-me-eis o caminho da vida na14. É natural que, com o passar dos anos, se torne familiar o pensamento do « crepúsculo ». Recorda-no-lo, além de outros motivos, o mesmo facto que a lista dos nossos parentes, amigos e conhecidos vai-se reduzindo: percebe-mo-lo em diversas circunstâncias, por exemplo quando nos encontramos em reuniões de família, nos encontros com os nossos amigos de infância, de escola, de universidade, de serviço militar, com os nossos companheiros de seminário... A fronteira entre a vida e a morte atravessa as nossas comunidades e aproxima-se de cada um de nós inexoravelmente. Se a vida é uma peregrinação em direcção à pátria celestial, a velhice é o tempo no qual se olha mais naturalmente para o limiar da eternidade.
E contudo a nós, anciãos, também custa resignar-nos com a perspectiva desta passagem. Esta, de facto, apresenta, na condição humana marcada pelo pecado, uma dimensão tenebrosa que necessariamente nos entristece e amedronta. Como poderia ser de outro modo? O homem foi criado para viver, enquanto que a morte — como a Sagrada Escritura nos explica desde as primeiras páginas (cf. Gn 2-3) — não estava no projecto original de Deus, mas apareceu após o pecado, fruto da « inveja do demónio » (Sab 2, 24). Compreende-se assim porque, diante desta realidade tenebrosa, o homem reaja e se revolte.
É significativo a este respeito que o mesmo Jesus, « provado em tudo, à nossa semelhança, excepto no pecado » (Hb 4, 15), tenha sentido medo diante da morte: « Meu Pai, se é possível passe de mim este cálice » (Mt 26, 39). Como é possível esquecer as suas lágrimas diante do túmulo do amigo Lázaro, apesar de que ele estivesse para ressuscitá-lo? (cf. Jo 11, 35).
Por mais que a morte seja racionalmente compreensível do ponto de vista biológico, não é possível vivê-la com « naturalidade ». Ela está em contraste com o instinto mais profundo do homem. O Concílio disse a este respeito: « É em face da morte que o enigma da condição humana mais se adensa. Não é só a dor e a progressiva dissolução do corpo que atormentam o homem, mas também, e ainda mais, o temor de que tudo acabe para sempre ».(20) Não há dúvida que a dor permaneceria inconsolável, se a morte fosse a destruição total, o fim de tudo. Por isso, a morte obriga o homem a colocar-se precisamente interrogações radicais sobre o sentido da vida: o que há para além do muro sombrio da morte? Constitui ela o termo definitivo da vida ou existe algo que a ultrapassa?
15. Desde os tempos mais antigos até aos nossos dias, não faltam na cultura da humanidade respostas redutivas que limitam a vida aos dias que vivemos sobre esta terra. No próprio Antigo Testamento, algumas anotações do Livro do Eclesiastes fazem pensar na velhice como um edifício em demolição e na morte como na sua total e definitiva destruição (cf. 12, 1-7). Mas, precisamente por detrás destas respostas pessimistas, ganha maior relevo a perspectiva plena de esperança que brota do conjunto da Revelação, e especialmente do Evangelho: « Deus não é Deus de mortos, mas de vivos » (Lc 20, 38). Confirma-o o apóstolo Paulo ao dizer que o Deus que dá a vida aos mortos (cf. Rom 4, 17), dará a vida também aos nossos corpos mortais (cf. ibid. 8, 11). E Jesus afirma de Si próprio: « Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em Mim nunca morrerá » (cf. Jo 11, 25-26).
Cristo, tendo ultrapassado as fronteiras da morte, revelou a vida que está para além deste limite naquele « território » inexplorado pelo homem que é a eternidade. Ele é a primeira Testemunha da vida imortal; n'Ele a esperança humana revela-se cheia de imortalidade. « Se a certeza da morte nos entristece, conforta-nos a promessa da imortalidade ».(21) A estas palavras, que a Liturgia oferece aos crentes como consolação na hora da despedida de um ente querido, segue um anúncio de esperança: « Para os que crêem em Vós, Senhor, a vida não acaba, apenas se transforma; e, desfeita a morada deste exílio terrestre, adquirimos no céu uma habitação eterna ».(22) Em Cristo, a realidade dramática e desconcertante da morte é resgatada e transformada, até manifestar a face de uma « irmã » que nos conduz aos braços do Pai.(23)
16. Assim, a fé ilumina o mistério da morte e infunde serenidade à velhice, não mais considerada e vivida como espera passiva de um evento destruidor, mas como promissora aproximação à meta da plena maturidade. São anos que hão-de ser vividos com um sentido de abandono confiado nas mãos de Deus, Pai providente e misericordioso; um período a ser utilizado de modo criativo, para um aprofundamento da vida espiritual, com a intensificação da oração e do empenho de servir os irmãos na caridade.
Devem ser louvadas, portanto, todas aquelas iniciativas sociais que permitem aos anciãos quer continuar a cultivarem-se física, intelectual e socialmente, quer fazerem-se úteis, pondo à disposição dos demais o próprio tempo, as próprias capacidades e experiência. Deste modo, conserva-se e aumenta o gosto pela vida, dom fundamental de Deus. Por outro lado, tal apreço pela vida não contradiz aquele anseio de eternidade, que amadurece nos que experimentam um crescimento espiritual profundo, como bem o testemunha a vida dos Santos.
O Evangelho lembra-nos a este respeito as palavras do velho Simeão, que se declara preparado para morrer, a partir do momento em que pôde apertar entre seus braços o Messias esperado: « Agora, Senhor, podes deixar o Teu servo partir em paz, segundo a Tua palavra, porque os meus olhos viram a Salvação » (Lc 2, 29-30). O apóstolo Paulo sentia-se, de certa forma, em conflito entre o desejo de continuar a viver, para anunciar o Evangelho, e aqueloutro de « partir para estar com Cristo » (Fil 1, 23). S. Inácio de Antióquia, enquanto caminhava feliz para padecer o martírio, testemunhava sentir a voz do Espírito Santo na sua alma como « água » viva que brotava dentro dele, e lhe sussurrava o convite: « Vem para o Pai ».(24) Os exemplos poderiam continuar. Estes não lançam qualquer sombra sobre o valor da vida terrena, que é bela, apesar dos limites e sofrimentos, devendo ser vivida até ao fim; lembram-nos, porém, que ela não é o valor último, de tal forma que o ocaso da vida, do ponto de vista cristão, assume os contornos de uma « passagem », de uma ponte lançada da vida à vida, entre a alegria frágil e insegura desta terra e o gozo total que o Senhor reserva aos seus servos fiéis: « Entra no gozo do Teu Senhor »
(Mt 25, 21).17. Com este espírito, caros irmãos e irmãs anciãos, enquanto faço votos de viverdes serenamente os anos que o Senhor estabeleceu para cada um, quero mainfestar-vos em toda a sua profundidade os sentimentos que me animam neste derradeiro período da minha vida, depois de mais de vinte anos de ministério na sede de Pedro, e já na imediata expectativa do terceiro
milénio. Apesar das limitações devidas à idade, conservo o gosto pela vida. Agradeço ao Senhor. É bonito poder gastar-se até ao fim pela causa do Reino de Deus!
Ao mesmo tempo, sinto uma grande paz quando penso ao momento em que o Senhor me chamar: de vida em vida! Por isso, tenho frequentemente nos lábios, sem qualquer sentimento de tristeza, uma oração que o sacerdote recita após a Celebração eucarística: In hora mortis meae voca me, et iube me venire ad te – « na hora da minha morte, chamai-me. E mandai-me ir para Vós ». É a oração da esperança cristã, que não priva em nada de alegria a hora presente, enquanto entrega o futuro à custódia da divina bondade.
18. « Iube me venire ad te! »: este é o anseio mais profundo do coração humano, mesmo em quem não está consciente disto.
O Senhor da vida, fazei-nos tomar plena consciência e saborear como um dom, rico de futuras promessas, cada período da nossa vida.
Fazei que acolhamos com amor a Vossa vontade, pondo-nos cada dia nas Vossas mãos misericordiosas.
E quando chegar o momento da « passagem » definitiva, concedei-nos de enfrentá-lo com espírito sereno, sem qualquer nostalgia daquilo que deixarmos. Ao encontrar-Vos, depois de longa procura, reencontraremos todo o valor autêntico experimentado neste mundo juntamente com todos os que nos precederam no sinal da fé e da esperança.
E Vós, Maria, Mãe da humanidade peregrina, rogai por nós « agora e na hora da nossa morte ». Conservai-nos sempre unidos a Jesus, Vosso dilecto Filho e nosso irmão, Senhor da vida e da glória.
Amen.(1) S. JOÃO DAMASCENO, Exposição da fé ortodoxa, 2, 29.
(2) Cf. A dignidade do ancião e a sua missão na Igreja e no mundo, Cidade do Vaticano 1998.
(3) VIRGILIO, « Fugit inreparabile tempus »: Georgiche, III, 284.
(4) Liturgia da Vigília Pascal.(5) S. IRENEU DE LIÃO, Adversus haereses, 4, 20, 4.
(6) Cf. JOÃO PAULO II, Carta encíclica Centesimus annus (1 de maio de 1991), 18.
(7) Cf. ibid., 23.(8) S. JOÃO CRISÓSTOMO, Comentário à Carta aos Romanos, 9, 2.
(9) Cf. Cato maior seu De senectute, 19, 70.(10) Em « Tudo é vaidade e aflição de espírito », 5-6.
(11) « Auget sapientiam, dat maturiora consilia »: Commentaria in Amos, 2, Prólogo.
(12) CORNEILLE, Sertorius, a. II, sc. 4, b. 717.(13) « Magna fuit quondam capitis reverentia cani », Fasti, lib. V, v. 57.
(14) Sentenças, XLII.(15) Cf. JOÃO PAULO II, Carta enc. Evangelium vitae, 65.
(16) Cf. ibid.(17) C. NORWID, Nie tylko przyszlosc..., Post scriptum I, vv. 1-4.
(18) « Levior fit senectus, eorum qui a iuventute coluntur et diliguntur » (Cato maior seu De senectute, 8, 26).
(19) Discurso depois do regresso do campo, 11.(20) CONC. ECUM. VAT. II, Const. past. Gaudium et spes, 18.
(21) Missal Romano, Io Prefácio dos defuntos.(23) Cf. SÃO FRANCISCO DE ASSIS, Cântico das criaturas.
(24) Carta aos Romanos, 7, 2.